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RELEMBRE O CRIME QUE TERMINOU COM MORTE DE PAI, MÃE E FILHO APÓS BRIGA DE TRÂNSITO

Deveria ser um domingo típico na vida de duas famílias de moradores de Porto Alegre. Uma delas, formada por pai, mãe e dois filhos, voltava para casa em seu Aircross, depois de ter participado de uma festa de aniversário, no Lami. A namorada do primogênito estava junto. A outra estava em uma casa, no mesmo bairro. Não haveria, em circunstâncias rotineiras, razão para que os destinos destes dois grupos entrasse em rota de colisão.

Uma batida de raspão entre dois veículos, com danos materiais reparáveis, desencadeou uma sequência de atos que resultaram no assassinato de três pessoas. O caso, que aconteceu em 26 de janeiro de 2020, chega nesta segunda-feira (11) ao momento decisivo, com o julgamento de mãe e filho apontados como responsáveis pelas mortes.

O acidente

Pouco antes das 15h, a família Silva trafegava no Aircross dirigido por Rafael Zanetti Silva, 45 anos. Numa curva da Estrada Armando Inácio da Silveira, ele acabou colidindo na lateral da Ecosport de Dionatha Bitencourt Vidaletti, que estava estacionado em frente a uma residência. Rafael seguiu viagem, o que fez com que Dionatha e a mãe, Neuza Regina Bitencourt Vidaletti fossem atrás deles.

A discussão

O Aircross foi interceptado cerca de 4,2 quilômetros depois do ponto da colisão, na Estrada do Varejão, ainda no Lami. A situação gerou discussão entre as famílias. Conforme a acusação, Neuza e Dionatha carregavam uma pistola no carro. E, na briga, a mãe teria efetuado um disparo para o chão.

Há divergências entre acusação e defesa sobre eventuais agressões que teriam ocorrido antes de Dionatha tomar a arma de Neuza e disparar contra Rafael, baleando no rosto e na cabeça. A esposa dele, Fabiana da Silveira Innocente Silva, foi atingida na cabeça, e o primogênito do casal, Gabriel, ficou ferido no pescoço e na cabeça.

Comoção

A namorada de Gabriel e o outro filho do casal, que tinha oito anos na ocasião, ficaram dentro do Aircross e só saíram de lá depois que Neuza e Dionatha deixaram o local. Mãe e filho não tinham autorização para portar a arma, comprada dias antes para defesa pessoal e patrimonial em seu minimercado.

O fato gerou grande comoção. Os três integrantes da família foram sepultados na mesma cerimônia, dias depois, após uma corrente de orações e salva de palmas, no Cemitério Jardim da Paz, no bairro Lomba do Pinheiro, na Capital.

Réus alegam legítima defesa

No decorrer do processo, Neuza e Dionatha alegaram versão diferente da indicada pela investigação policial. Eles sustentam que foram agredidos pela família e que agiram em legítima defesa.

Em depoimento à polícia, Dionatha admitiu ser o autor dos tiros contra as vítimas, mas alegou que estava desarmado e que a pistola usada por ele na ocasião era de uma das vítimas. Ao serem interrogados no processo, posteriormente, mãe e filho disseram que a arma era usada para proteção contra os assaltos no comércio que mantinham.

Dionatha está preso desde a fase da apuração policial. Neuza responde em liberdade.

O advogado Cristiano da Rosa, defensor de Neuza e Dionatha, afirmou que espera a absolvição de ambos ao final do julgamento. O representante no processo diz que ambos vivenciam sofrimento pelo ocorrido e garante que não desejavam o resultado trágico da ação.

— Os fatos daquele dia marcaram profundamente a vida dos dois, produzindo traumas para ambos. É importante destacar que desde sua prisão, Dionatha jamais quis ajuizar pedido de liberdade, pois está confiante na possibilidade do reconhecimento da tese de legítima defesa e de que será inocentado pelo júri — pontua Cristiano da Rosa.

Júri

  • Teve início na manhã desta segunda-feira (11) o julgamento dos dois réus pela morte de uma família após briga de trânsito em janeiro de 2020. São acusados mãe e filho, Neuza Regina Bitencourt Vidaletti e Dionatha Bitencourt Vidaletti
  • As vítimas foram Rafael Zanetti Silva, sua esposa, Fabiana da Silveira Innocente Silva, e o primogênito do casal, Gabriel. Eles tinham 45, 44 e 20 anos, respectivamente
  • A família não parou, o que teria deixado Dionatha inconformado. Ele, então, passou a perseguir a família, acompanhado por Neuza. Réus e vítimas desceram de seus veículos e uma discussão se iniciou, culminando no triplo homicídio, presenciado pelo filho caçula do casal, à época com oito anos, e pela namorada de Gabriel
  • Dionatha responde pelos três homicídios triplamente qualificados, além do porte da arma. Ele está preso desde sua apresentação à Polícia Civil após o ocorrido. Neuza responde em liberdade por disparo de arma de fogo, pois atirou em direção ao chão.
  • O julgamento é presidido pela juíza de Direito Anna Alice Schuh. A previsão é de que tenha duração de dois dias 

Fonte: GZH