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LOJAS GAÚCHAS SÃO BLOQUEADAS NO MERCADO LIVRE EM MEIO A ENCHENTES NO RS

Lojas gaúchas cadastradas na plataforma Mercado Livre foram bloqueadas pela plataforma em meio às enchentes no Rio Grande do Sul. Segundo os vendedores, o marketplace deixou de coletar produtos nos pontos de venda e, na última semana, impediu que clientes finalizem as compras de lojas sediadas no RS no site. 

Até mesmo estabelecimento de cidades afetadas em menor gravidade pelo excesso de chuva, como Passo Fundo, na Região Norte, enfrentam problemas com a empresa. É o caso de Fernanda Pfeifer, empresária do ramo de corte a laser.

Segundo ela, hoje a única forma de vender os produtos na plataforma é através do sistema fulfillment — mecanismo de entrega rápida indicado para produtos de curva A, ou seja, os mais importantes de uma empresa. Contudo, para isso é necessário enviar o produto para Florianópolis (SC) através de frete privado e, em alguns casos, arcar com despesas de armazenamento. No entanto, nem todos os e-commerces possuem esse sistema ou condições de pagar os custos.

Antes das enchentes, o próprio Mercado Livre coletava o produto em um ponto de retirada e enviava a encomenda para a Região Metropolitana, onde fica o centro de distribuição. De lá, seguia em direção ao destinatário, sem custo ao empresário.

— É uma situação complicada. O Mercado Livre é o nosso carro-chefe e já estamos acumulando prejuízos. A previsão é que a água em Porto Alegre baixe entre 30 a 40 dias. Pedimos que o Mercado Livre tome uma providência e organize o sistema logístico porque a plataforma não pode parar no Rio Grande do Sul durante todo esse tempo — disse a empresária.

Dono de uma loja de acessórios automotivos em Alvorada, na Região Metropolitana, Guilherme Silveira tinha uma unidade em Canoas que foi destruída pela enchente. Com o bloqueio da conta na plataforma, que é a principal fonte de venda da empresa, o faturamento caiu de R$ 15 mil para R$ 2 mil por dia.

— Temos duas funcionárias de Canoas que perderam tudo na chuva. Estamos prestando todo o auxílio a elas, mas a restrição imposta pelo Mercado Livre dificulta. Do jeito que as coisas andam, não sei se conseguiremos voltar a abrir a unidade em Canoas. No momento estamos atuando pelo sistema fulfillment, então o faturamento é pequeno e os custos com frete e armazenamento comprometem a receita — relatou Guilherme.

“Boicote”, diz vendedor

Proprietário de uma loja de móveis em Porto Alegre, Daniel Junqueira Kronbauer conta que o faturamento caiu 90% desde o bloqueio das vendas feitas somente pela plataforma. Com funcionários e familiares afetados pela enchente na Capital e no Vale do Taquari, ele classifica o a situação como um “boicote” aos vendedores gaúchos.

— Já esgotamos nossos recursos financeiros para ajudar (os funcionários) e vamos ter que desligá-los nos próximos dias. Minha família mora em Taquari e perdeu tudo, desde então estávamos empenhados em ajudá-los, antes da plataforma bloquear as contas. A situação é dramática, para todo lado que olhamos é só tristeza e agora estamos sofrendo um boicote da plataforma — desabafa.

Segundo Kronbauer, o bloqueio das contas também afeta a relevância e reputação da loja dentro do Mercado Livre. Isso porque os anúncios que não têm venda caem posições automaticamente na plataforma.

— Ou seja, nossos anúncios, que eram bem posicionados dentro do site, vão desaparecer da primeira página. Assim, quando reativarem a operação de vendas, vamos retomar de uma forma péssima — lamenta.

Os vendedores também relatam dificuldades com o receio dos clientes e condições dos produtos já adquiridos. Kronbauer conta que alguns compradores já quiseram cancelar as compras feitas antes dos bloqueios por medo dos produtos terem sido atingidos pelas enchentes e chegarem estragados na encomenda.

O que diz o Mercado Livre

Questionado pela reportagem, o Mercado Livre informou que fechou algumas de suas operações de transporte temporariamente nas cidades de Porto Alegre, Pelotas, Santa Maria e Sapucaia do Sul. Agora, fará o monitoramento da evolução do cenário das áreas afetadas para avaliar a possibilidade de retomada das operações de forma segura.

Sobre a reputação dos vendedores gaúchos que relatam terem tido as contas bloqueadas na plataforma, o marketplace garantiu que não irá aplicar penalizações. Leia a nota na íntegra:

“Pensando na segurança e no bem-estar de seus colaboradores, usuários, vendedores e motoristas, o Mercado Livre mantém fechadas temporariamente algumas de suas operações de Transportes nas cidades de Porto Alegre, Pelotas, Santa Maria e Sapucaia do Sul. A empresa seguirá monitorando de perto a evolução do cenário nas áreas afetadas, a fim de avaliar a retomada das operações de forma segura e responsável. As decisões sobre a reabertura das instalações serão baseadas em avaliações contínuas das condições climáticas locais e na priorização da segurança de todos os envolvidos.

As vendas foram provisoriamente bloqueadas na região e o Mercado Livre informa que não irá penalizar a reputação dos vendedores até que as operações sejam 100% normalizadas. A empresa está trabalhando para voltar às operações nessas cidades o quanto antes”.


Fonte: GZH