DÍVIDAS DE PRODUTORES DO RS SOMAM R$ 72,81 BI, APONTA LEVANTAMENTO; NÚMERO NÃO É O ÚNICO QUE PREOCUPA
Levantamento feito pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) a partir de dados de bancos e cooperativas de crédito aponta o tamanho da dívida de produtores rurais gaúchos: R$ 72,81 bilhões. Essa cifra leva em consideração valores já renegociados anteriormente (R$ 22,28 bilhões) e os não renegociados, que venceram ou estão por vencer em 2025 (R$ 50,53 bilhões).
Para o economista-chefe da entidade, Antônio da Luz, mais do que o tipo de financiamento, se renegociado ou não, é o perfil de quem o tem que preocupa:
— A gravidade está ligada ao produtor, e não ao tipo de dívida.
A frase tem como base um outro número que aparece no levantamento: desse total das dívidas, a maior parte, R$ 32,04 bilhões, é de crédito tomado pelos “demais produtores”, ou seja, que não se encaixam no Pronaf (R$ 24,36 bilhões) e nem no Pronamp (R$ 16,41 bilhões).
Outra informação considerada relevante por Luz é do valor já vencido e não pago apenas em 2025: R$ 1,26 bilhão. O motivo está no fato de que as parcelas deste ano “recém começaram a vencer”, o que tende a aumentar a inadimplência.
A previsão é de que os vencimentos previstos para 2025 cheguem a R$ 27,72 bilhões. Desse montante, há uma parcela que deverá ser paga (nem todas as regiões e produtores acumulam prejuízos), outra prorrogada. Mas outra parcela é de agricultores que têm dívidas em aberto e que não colheram.
— Tem produtores que a única saída é uma securitização, no sentido técnico da palavra. São produtores já negativados ou na iminência de. É importante que se tenha uma medida para eles, para que o número não evolua e se torne algo que não pode ser administrado — alerta o economista.
Securitização é o processo de transformar dívidas em títulos negociáveis no mercado de capitais, permitindo que empresas antecipem o recebimento de recursos e investidores obtenham retorno financeiro.
Um projeto de lei no Senado permite a renegociação de até R$ 60 bilhões em dívidas de produtores rurais impactados por eventos climáticos extremos desde 2021. A proposição do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) prevê a securitização de operações de crédito rural contratadas até 30 de junho de 2025.
Com a securitização, as dívidas referentes a custeio, investimento e comercialização seriam transformadas em títulos negociáveis no mercado financeiro e lastreados pelo Tesouro Nacional. De acordo com o projeto de lei (PL 320/2025), podem ser beneficiados produtores rurais, cooperativas agropecuárias e agroindústrias de cidades que enfrentaram situação de emergência ou calamidade pública ou que tenham sofrido perdas comprovadas por laudo técnico agronômico.
Fonte: Gisele Loeblein/GZH | Agência Senado | Portal Assinck